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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares
É o tempo da travessia
E se não ousarmos fazê-la
Teremos ficado para sempre
À margem de nós mesmos."

Fernando Teixeira de Andrade

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.

Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...

Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.

Mário de Sá-Carneiro

Um sábado qualquer - 694

Carlos Ruas, no Um sábado qualquer

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Prêmio Nobel de Literatura 2011

Na manhã de hoje (06) foi anunciado o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura 2011: o poeta sueco de 80 anos, Tomas Transtörmer, foi premiado com medalha, diploma e uma pequena bagatela de 10 milhões de coroas suecas (aproximadamente R$ 2,7 milhões de reais).

Não conheço nada desse poeta, assim como não conheço a esmagadora maioria dos premiados. Quero dizer, conheço a grande maioria de nome, e não por ter lido suas obras. É com certa vergonha que exponho: nunca li nada de nenhum Nobel.

Cheguei muito perto do Saramago, mas alguma tarefa mais importante à época me impediu de ler o Ensaio Sobre a Cegueira, que é o primeiro do português que desejo ler, já que o filme adaptado entrou para a minha lista de favoritos.

Pois hoje eu perdi a chance de finalmente poder dizer que li um Nobel de Literatura, e antes mesmo que o prêmio fosse divulgado: o japonês Haruki Murakami era um dos favoritos para levar o prêmio pra casa - e pra conta bancária.

Do Haruki, li Norwegian Wood, que está sendo adaptado para o cinema e tem estreia prevista para 17 de novembro aqui no Brasil. Uma vez que o livro não é um bestseller, o filme também não deverá ser blockbuster, já que ele não possui - na minha concepção - os requisitos para um filme
sessão pipoca. Norwegian Wood é denso; fala de solidão, de angústia, talvez questione o porquê de as coisas acontecerem da maneira que acontecem.

Li quando tinha 15 anos, acho. Lembro que o peguei emprestado na Biblioteca Municipal da Mooca, que era próxima à escola onde eu fazia o ensino médio. Lembro com muito carinho daquela época e das leituras que fiz ali, naquela biblioteca. Eu era só uma estudante de ensino médio, tinha tempo livre de sobra pra fazer o que quisesse, o que incluía ler muitos livros e assistir a muitos filmes no cinema. Posso afirmar que foi nessa época que eu descobri e desenvolvi essas duas paixões que hoje tenho: livros e filmes. Escolhia o que ler e o que assistir pela capa e pelo título. Nunca pelo nome do autor, já que, naquela época, minha bagagem cultural era ainda menor do que a que tenho hoje. O título mais intrigante me ganhava fácil nas prateleiras. Quando peguei o Norwegian Wood, lembro que peguei pelo título, que eu nem sabia a pronúncia correta, e pela capa, toda cinza com um círculo rosa em reserva de verniz - que eu viria a descobrir o que era um ano depois, no meu curso ténico em Design Gráfico.

Essa é a história sobre como eu perdi a chance de dizer que li, aos 15 anos, um Nobel de Literatura antes de ser premiado. Enfim, gostaria de reler Norwegian Wood antes da estreia no cinema, o que creio que não será possível devido à minha amiga companheira Fuvest, que vem me atormentando desde agosto. Uma pena!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Estar sem Twitter está me ensinando a fechar a minha boquinha quando é desnecessário falar. +1 ponto

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Som e fúria

"Eu não entendo a vida. Ela é cheia de som e fúria, mas não quer dizer nada."

Som e Fúria

domingo, 2 de outubro de 2011

Se eu pudesse definir o final de semana em poucas palavras, seriam essas: curvas, compras, soda italiana, licor de maracujá, churrasco, fondue branco de morango, piscina, natureza, verde, uno. A melhor delas: DESCANSO. Mas, como nem tudo é perfeito, o final de semana se encerra em: FUVESTÃO.

Um ótimo domingo a todos e a todas.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Da alegria

É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe.


Vinícius de Moraes

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Do sabático

Quatro dias sem Facebook e Twitter. Quem me conhece bem de perto deve imaginar o quanto é difícil pra mim me manter longe das redes sociais, esses viciozinhos modernos que sugam nosso tempo útil. Tão difícil quanto manter uma alimentação saudável e longe da coca-cola.

Pra muita gente pode parecer bobeira, mas pra mim já é uma vitória. Não há nada mais frustrante que se comprometer a fazer algo e não conseguir cumprir. E olha que eu já tentei um milhão de vezes, no caso, com relação à alimentação saudável e à coca-cola.

Não há um propósito firmemente delimitado: me propus ficar longe das redes por tempo indeterminado; pelo tempo que eu julgar necessário. Mas chega um momento na vida em que a gente tem que sentar e colocar na mesa tudo aquilo em que nós estamos fundamentados: nossas crenças, nossos hábitos, nossas relações, nossos pontos de vista, nossos objetivos de vida. Tem gente que chega nesse ponto aos 40 anos, tem gente que nunca chega, e tem gente que chega aos 21 anos. Há tempo para todas as coisas, diria o sábio. E nas redes sociais estão meus maiores pontos de distração; informações para dar e vender; amigos, colegas e conhecidos queridíssimos. Quando a gente precisa ficar em silêncio, precisamos nos afastar da movimentação que traz barulho e distração. Se a movimentação e o barulho estão nas redes sociais, então é da internet que precisamos nos afastar.

Já tentei me afastar das redes no mínimo umas 35469 vezes; todas tentativas frustradas. Tomei coragem no último domingo (25), sem pensar duas vezes, caso contrário, desistiria pela 25470ª vez. Achei que piraria ou algo do tipo; sempre me achei muito dependente da enxurrada constante de informações variadas, das coisas úteis e das inúteis, do contato diário com amigos e conhecidos. Os especialistas em comunicação afirmam que o 'mal do século na web' é que, depois de tanto tempo dependentes das redes sociais, quando nos ausentamos por algum tempo temos a sensação de que estamos perdendo alguma coisa importante. Antes, ficávamos sabendo das novidades dos amigos dias ou semanas após o ocorrido; nos comunicávamos essencialmente via telefone e pessoalmente. Hoje, nos habituamos a saber das coisas em tempo real, e o que era novidade o deixa de ser menos de 7 dias depois.

Mas chega de devaneio sobre o uso e dependência das redes sociais nos dias de hoje. Esse blog aqui não é pra isso. Sobre isso, consultem o Pavablog. Whatever.

Pensando bem, acho mesmo que o endereço do meu blog, que está aí há anos e eu já nem me lembro bem o motivo, cabe muito bem à esse meu período sabático. Período sabático que durará 7 dias, 7 semanas, ou quem sabe 7 meses. Vamos ver aonde é que isso irá me levar. Se tudo der certo, prometo tentar encarar um período de alimentação saudável e sem coca-cola.

Ósculos e amplexos,
Carol.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Capítulo LXIV - Uma ideia e um escrúpulo

(...) Donde concluo que um dos ofícios do homem é fechar e apertar muito os olhos, a ver se continua pela noite velha o sonho truncado da noite moça. Tal é a ideia banal e nova que eu não quisera pôr aqui, e só provisoriamente a escrevo.
Antes de concluir este capítulo, fui à janela indagar da noite por que razão os sonhos hão de ser assim tão tênues que se esgarçam ao menor abrir dos olhos ou voltar de corpo, e não continuam mais. A noite não me respondeu logo. Estava deliciosamente bela, os morros palejavam de luar e o espaço morria de silêncio. Como eu insistisse, declarou-me que os sonhos já não pertencem à sua jurisdição.

Dom Casmurro

domingo, 11 de setembro de 2011

Eu queria tanto aprender a me adaptar à minha rotina. Que raiva que me dá essa minha necessidade de estar sempre mudando, sempre arriscando, sempre testando coisas novas. E a dificuldade em lidar com isso está no fato de que eu não faço efetivamente todas as mudanças que gostaria; fico só vontade. Frustra e cansa.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Escolhi esperar? Uma opinião

A tag #EscolhiEsperar tem feito sucesso no Twitter nas últimas semanas. Trata-se do movimento Escolhi Esperar que surgiu, se não me engano, na cidade de Vitória (ES) e tem se espalhado por todo o país entre jovens cristãos e, majoritariamente, solteiros. Segundo o próprio site, o movimento se baseia em:


"“Eu Escolhi Esperar” é na verdade, uma mobilização de pessoas. Há uma geração espalhada entre as nações, que está dizendo não à sua carne, as suas paixões e tomaram uma decisão: Esperar pelo Senhor em vários sentidos, que incluem na lista, a vida sexual e amorosa.

No Brasil, milhares e milhares de jovens estão dizendo não, ao sistema mundano que estimula as pessoas a sexualidade, devassidão, descompromisso, desonra, imoralidade sexual, vícios e a banalização de relacionamentos.

A decisão de “esperar no Senhor”, não é nada fácil. E para alguns, manter o compromisso de esperar se torna um fardo pesado."


Até aí, tudo ok. Tudo muito bonitinho, fofinho, óin, awn.

O problema - segundo a opinião dessa que vos escreve, e que não tem moral alguma pra falar de qualquer coisa com propriedade mas mesmo assim adora se meter -, é que isso pode (e acontece na grande maioria dos casos) gerar frustração e decepção nas pessoas que estão 'esperando no Senhor' pelo par perfeito.

O problema não está em orar e pedir orientação a Deus quando se está à espera de um parceiro, ou em se preocupar em saber qual é a opinião de Deus a respeito daquele carinha ou daquela menininha que você está a fim.

O problema é que vai chegar uma hora em que o reloginho vai bater, você vai estar muito a fim daquela pessoa e Deus NÃO vai aparecer em forma de anjo no seu quarto dizendo que é da vontade dEle que vocês fiquem juntos. Nesse momento, qualquer pessoa que apareça e diga 'olha, vocês fazem um belo casal', você vai interpretar como sinal divino de aprovação do relacionamento. Você vai lá, fica com a pessoa (ai, que pecado!), é tudo lindo, pede em namoro, aleluia, e você tá crente (tumdumpsh) que foi Deus quem enviou essa pessoa lá do céu pra você. Você passa a acreditar que Deus fez cada pedacinho mais lindo da pessoa amada pensando especialmente em você.

E aí, num mau dia, catapumba! O amor esfria. O relacionamento termina. A pessoa criada e enviada por Deus especialmente por você te trai. Se torna má. Orgulhosa. Ou, na melhor das hipóteses, e é o que mais acontece, ela simplesmente não tem mais vontade de você.

E aí, cara pálida? Não foi Deus quem enviou o especial pra você? Deus falhou? Ou será que Deus mandou o cara trocado por engano? Você vai orar e pedir satisfação a Deus do por quê Ele deixou que isso acontecesse? E quer que Deus diga: 'foi mal aí, amado filho?'.

Acontece que transferir a responsabilidade dos nossos relacionamentos para Deus é que isso O torna passível de erros. E, acredite, Deus NÃO é passível de erros. Nós é que fazemos isso parecer que é possível. O meu Deus não erra nunca. Logo, se aquele relacionamento passado não deu certo, o problema foi MEU. Terminou porque EU deixei. Deus não tem absolutamente nada a ver com isso.

Deixemos de ser criancinhas mimadas e comecemos a assumir a responsabilidade que ganhamos ao fazer 18 anos e bater cartão de ponto no trabalho.

Meninas, o menino-dos-seus-sonhos NÃO vai aparecer montado em um cavalo branco. Salvo em raras - raríssimas exceções -.

Não se decepcionem, não se frustrem, não se desesperem. Erros fazem parte da nossa natureza. E a necessidade humana e física também. Talvez você não se case com o cara que te deu o seu primeiro beijo. Nem com o seu primeiro namorado. E isso NÃO faz de você uma pessoa promíscua e sem moral.

Não dá pra criar uma fórmula pra isso: vai funcionar de maneiras diferentes para cada pessoa. Mas tenho pra mim que Deus nos deu um cérebro justamente para o usarmos a nosso favor. Ele nos deus capacidade de agirmos por nossos próprios meios. E isso não tem NADA a ver com excluir Deus das nossas tomadas de decisões.

Enfim. Peço perdão caso ofenda alguém. Esse texto NÃO é pessoal nem indireta para qualquer pessoa. Fim de papo.

domingo, 22 de maio de 2011

Do fim de semana com queridos distantes

Mal posso crer que fiquei quase quatro meses sem atualizar esse blog. Não por falta de assunto; ideias para textos pululam em minha cabeça, mas o que me falta é a vergonha na cara para largar a preguiça de lado e perder 10 minutos de um dia escrevendo. Não que isso importe, já que eu tenho apenas dois leitores assíduos: eu, que costumo reler meus textos depois de publicados, só para ter o prazer de sentir vergonha alheia de mim mesma (?), e o Isaac, que é muito amor comigo e insiste em dizer que tudo o que escrevo é legal. É muito amor.

O que me faz largar a bendita preguiça pra escrever depois de tanto tempo é aquela vontade imensa que tenho de falar um monte de coisas para as pessoas que gosto, mas que não tenho a oportunidade de falar ao vivo devido às centenas de quilômetros que nos separam. E não só os que estão distantes, mas também os que estão próximos mas que de igual modo não consigo falar o que gostaria por causa da 'correria nossa de cada dia'. Tão perto, tão longe. Tão longe, tão mais longe ainda.

Nesse fim de semana tive a alegria de conhecer pessoalmente pessoas que conhecia há anos (como o tempo passa, não?) somente pela internet. E o receio é o de sempre: o medo de que a expectativa construída sobre a pessoa não seja atingida. De que a pessoa seja chata. De que seja tímida. De que seja calada. De que seja desagradável. Dentre todos eles, acredito que o pior medo é o de que preferir a pessoa na internet. De que você se arrependa de ter ido conhece-la pessoalmente porque, via internet, a pessoa é mais interessante.

E tem também aquele grupo de pessoas que você já conheceu pessoalmente, mas com a qual não trocou mais que meia dúzia de palavras. O tempo passa, você constroi uma imagem da pessoa e, quando vai reve-la, vai sem expectativa alguma.

Que agradáveis supresas tive nesse final de semana! Dos que nunca havia visto aos que já conhecia e dos quais tinha feito uma imagem errada, todos me surpreenderam. E vem aquela feliz sensação de que não, você não prefere a pessoa na internet porque ela é infinitamente mais amável pessoalmente. E de que aquela pessoa que você conheceu anos atrás e não deu bola, hoje se mostrou uma pessoa agradabilíssima.

E era isso o que eu precisava expor em palavras. Que vocês, meus queridos, fizeram esse fim de semana muito contente. Cheio de boas surpresas que já se transformaram em saudade e expectativa para o próximo encontro. E, como o nosso amigo-futuro-médico disse mais cedo no Twitter, fica aquela sensação de: 'por que é que eu não conversei mais com essa pessoa antes?'.

Um beijo, e voltem logo.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Do falar em público


Não que eu tenha especialmente uma vergonha de falar em público. Tenho especialmente vergonha de falar para um público medianamente desconhecido.

Ontem, às pressas, fui convidada - e aqui fica o agradecimento - para falar sobre a minha profissão para um público de jovens, do qual metade eu desconhecia. Não bastasse os ingredientes
surpresa, despreparo e ansiedade, quem me acompanhava nessa tarefa eram profissionais pelo menos umas dez vezes mais gabaritados que eu. Gabaritados não somente em suas profissões, mas também no quesito falar em público. Toda a parte sobre falar sobre mim estaria ok, não fosse o caso de eu estar rodeadas de caras que são diretores, advogados bem sucedidos e outros cargos do gênero.

Falar para um público pode causar transtornos dos mais variados: suadeira - com sua licença, amigo Graciliano -, gagueira, sede, tremedeira, calor na espinha e, provavelmente o pior de todos, amnésia.

Sim, porque, por mais que você esteja cem por cento seguro do que precisa falar, você simplesmente esquece tudo o que tem a dizer quando percebe uma média de cinquenta rostos olhando fixamente e freneticamente para você.

- Como você escolheu sua profissão?
- Pff.
- O que te influenciou nessa decisão?
- Pff.
- Você se sente vocacionado?
- Pff.

E não adianta mais olhar para o relógio pregado na parede, porque esse truque não funciona mais. Ao contrário do que ficava fixado no antigo templo da Assembleia de Deus, o relógio do templo em que estou atualmente sofria com o reflexo de uma lâmpada. Não era possível ver os ponteiros andando. Sem saber para onde mais poderia olhar, encontrei uma cadeira vazia em meio aos que me observavam. Lá fixei meu olhar, sem me atentar exatamente ao que falava, e sim em como poderia passar logo o microfone para o meu companheiro da esquerda.

E lá vem outra rodada de perguntas.

- Quais são as maiores dificuldades encontradas na sua profissão?
- Pff.
- E as conquistas?
- Pff.

E eu continuava me sentindo como um corpo sendo dissecado por um grupo de estudantes de medicina de alguma faculdade açougueira. Me dissecavam os dedos, as unhas, as cutículas, e nada de muito interessante encontravam lá. Nada digno de ser anotado. Nada digno de ser discutido ou levado em pauta à diretoria. Minha alma se remexia ao som de I Like to Move It, aonde quer que ela estivesse.

E lá vem a última rodada de perguntas. Ufa.

A proximidade do fim me anima, e libera a rolha que fechava a minha garganta.

- Como você lida com a ética na sua profissão?
- Bla bla bla, bla bla bla, bla bla bla.
- Como você concilia sua posição cristã com a profissional?
- Bla bla bla, bla bla bla, vla bla bla.

E, nesse momento, eis que eu consigo enxergar os ponteiros do relógio, que anunciam que mais de uma hora se passou desde que toda a história começara. O moderador da mesa também pede que nós nos apressemos e resumamos tudo o que ainda temos para falar.

E é assim que, no momento em que eu me sinto confiante para me tornar o novo exemplo de sucesso da geração, o grupo de estudantes de medicina amputam minhas pernas e decepam meu pescoço, afim de calarem a voz da alma que insistia em tomar de volta seu lugar.

Se houver uma próxima vez - que ela aconteça com o intervalo mínimo de um ano -, prometo ir melhor preparada. E com um relógio de pulso, por via das dúvidas.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Resoluções para um novo ano


E lá vamos nós rumo a mais um lugar-comum das trocas de ano: lista de tarefas que deverão ser desenvolvidas ao longo do ano que vai nascer. Juro que tentei escapar dessa pieguice, mas não deu. E acho que é justamente pelo fato de as pessoas não conseguirem escapar dessas listas que elas se tornaram tão clichês. Enfim.

Fato é que 2011 já começou para mim de uma forma totalmente fora do que eu esperava em dezembro. É como se a vida que eu conseguia segurar em minhas mãos tivesse escorrido por entre os dedos, deslizado por minhas pernas e chutada para muito, mas muito longe. Essa sou correndo atrás dela em qualquer lugar em que esteja.

O ano começou com o trancamento da minha faculdade de Produção Editorial (o trancamento de fato ainda não aconteceu, mas isso não vem ao caso). Faço isso com muita dor no coração, já que eu amo o que estudo. Ou melhor, eu amo a minha profissão e o que faço e, mais ainda, amo o que quero ser no futuro. Dadas as circunstâncias financeiras em que me encontro, está totalmente fora de cogitação bancar uma mensalidade de R$920 esse ano. A vida social e prática mandou um alô. Ao contrário do que isso leva a crer, não, não vou abandonar meu bom combate - oi, Paulo! - e não vou deixar meus tão amados livros de fora da minha vida. Meus planos para o ano que vem são outros, mas não cabe agora explicar minuciosamente quais são eles.

O trancamento da minha faculdade levou à outro problema: eu estava estagiando em uma editora de médio porte e com grandes oportunidades de carreira mas, por deixar de estudar, também precisei abandonar o estágio. O que não foi de todo ruim, pois consegui um emprego perto da minha casa e com condições ainda melhores que as do emprego antigo.

Então, pra 2011, prevejo muitos e muitos estudos. Estudos esses que interferirão fortemente em meu 2012.

Em 2011, pretendo ler boa parte dos livros indicados ao Prêmio Jabuti. Nenhum motivo especial, mas quero poder opinar com propriedade sobre as obras indicadas e as premiadas. Poderei até, quem sabe, entrar numa dessas discussões acaloradas que aconteceram devido ao prêmio recebido por Chico Buarque pelo Leite Derramado. E olha que eu li o Leite Derramado.

Mais que qualquer coisa, pretendo ser mais forte em 2011. Chorar menos, reclamar menos, murmurar menos, aceitar com um sorriso maior o que a vida resolver me dar. Pretendo ser mais grata, mais agradecida.

Pretendo, também, criar mais vergonha nessa minha cara e escrever com maior regularidade. Afinal, é isso o que se espera de uma pessoa que deseja ser uma editora de textos, não é mesmo?

Enfim. Que todos tenhamos um 2011 feliz, cheiroso e lindo.