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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Marcha Para Jesus - A Vergonha do Evangelho




No feriado de Finados (2) realizou-se a sei-lá-quantésima Marcha Para Jesus, na cidade de SP.
Acho que todo mundo já sabia disso, já que foi lá que o Third Day cantou, ao fim da noite.

O que venho trazer é um vídeo que me deixou muito triste, de verdade.
Coisas que todos sabemos mas, ao vermos assim, no vídeo, parece que fica ainda mais real.

Alguns blogueiros cristãos aqui de SP foram até à Marcha, fazer um protesto contra o que estão fazendo com o cristianismo.
Eles levaram à Marcha uma faixa escrita "Vamos voltar ao Evangelho Puro e Simples - o $how tem que parar".

Eles estavam em apenas 8 pessoas, e conseguiram chamar muito a atenção por lá.
Foram vaiados, levaram garrafadas, e até chamados de fariseus por todos os seguidores do trio do paipóstolo Estevam Hernandes.

Como eles próprios dizem no vídeo, é triste ver o carnaval-gospel em que se transformou a Marcha Para Jesus. Lembro-me de quando era ainda pré-adolescente, de como era gostoso ir à Marcha. Cantávamos, dançávamos, pulávamos. Era um dia de muita alegria, um daqueles dias em que, quando chega a hora de dormir, você se sente cansado como nunca antes esteve, porém totalmente satisfeito e alegre.

A última Marcha que fui foi a de 2007, e dali em diante disse que nunca mais iria à Marcha.
Primeiro: pela quantidade de pessoas. o que pros seguidores da Marcha é motivo de orgulho, pra mim tornou-se insuportável. A quantidade de gente lá cresce exponencialmente a cada ano.
Mas, claro, todos querem ficar o mais próximo possível do trio dos Hernandes, e também do palco, ao fim do dia. Me sentia como se estivesse no metrô indo trabalhar.

Segundo: A péssima qualidade musical. Antigamente, cantávamos aqueles hinos super batidos, porém lindos; e em cada trio se cantava um tipo de música diferente.. você escolhia qual música gostava mais, e acompanhava esse trio até o fim do dia. Hoje, são praticamente as mesmas músicas, daquelas mais insuportáveis. Trazendo a Arca ou Toque no Altar, Renascer Praise, (o único decente que vi foi o da Bola de Neve, que pelo menos tocava Delirious?..) e, tenho certeza absoluta de que esse ano cantaram e abusaram do Lázaro e do Danese, o cara do Zaqueu. Em 2007, também contamos com a ilustre presença de Carla Perez e Xandy, cantando, claro.. Toque no Altar.

Terceiro, e pior de todos: a idolatria ao casal Hernandes. Aos assembleianos, tem também a idolatria aos Ferreira. Ai de quem abrir a boca pra falar mal do ungido do sinhô. Isso ficou muito claro no vídeo.

Não dou muito tempo pro funk carioca e o axé invadirem a Marcha. Pras Popozudas de Deus exibirem seus pequenos modelitos no palco, e os bombados do Axé, só de calção, dançando e e rebolando, para o delírio da mulherada. (Se eu já vi coisa quase parecida com uma banda de Soul dentro de uma igreja, porque não na Marcha?)

Ah, cansei de tudo isso.
Deixo o link do vídeo.
[ Bereianos ]

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Da Amizade


Um assunto sempre me incomodou, e tem incomodado cada vez mais, há algumas semanas.

Falo da necessidade da popularidade, da fama, do número de amigos.
Talvez isso sempre tenha existido (meus 19 anos não me permitem ter um grande conhecimento sobre isso), mas só de uns anos pra cá pude reparar nisso com maior facilidade.

É muito claro observar o quanto algumas pessoas precisam sempre de novos amigos, e, de preferência, novos amigos influentes, bonitos e, não cai mal, bem de vida.
Isso eu já sabia, já observava isso desde os meus tempos de adolescentes, no grupo da igreja.
Os que conseguiam fazer amizade com os regentes do coral jovem, ou com os músicos da igreja, se orgulhavam por ter gente tão importante chamando pelo nome.
Ainda no caso dos adolescentes, eram melhores aqueles que melhor se vestissem, e andasse com os mais populares da igreja. De preferência, que fossem mais velhos, também.
Andar com gente da mesma idade? Que mico!

Crescemos e a coisa não mudou. Chegamos à era do instantâneo da internet (lembram do ICQ?) e continua tudo igual.
Com a explosão do Novo Orkut e do Twitter, parece que as pessoas ficaram ainda mais inchadas com isso.
Semana passada, fiquei inconformada com um garoto - que eu não faço ideia de quem seja - disse que tinha convites pro novo orkut, mas que só os enviaria aos que dessem Follow e RT nele.
E o garoto ficou feliz da vida por ter conseguido ganhar, de uma tacada só, uns 400 seguidores.
Não raro, a gente pode ver isso acontecendo muitas e muitas outras vezes.

O meu inconformismo com situações como essa é: as relações estão ficando cada vez mais vazias, menos profundas e muito mais passageiras.
Perdeu-se o valor verdadeiro pela amizade plena, que satisfaz uma carência que 1000 seguidores ou 1000 amigos no orkut nunca vão conseguir saciar.
Hoje, ganha quem tem mais seguidores, quem ganha mais #FF no fim da semana, quem consegue ser dono da maior comunidade do orkut, e quem consegue estourar o limites de "amigos" que os sites de relacionamento permite.

O que C. S. Lewis definiu como simples afeição, tornou-se essencial ao coração. Não gosto desse termo, mas sinto uma espécie de "dó" dessa gente. Gente que não sabe o que é ter alguns bons e únicos ombros amigos, que ama todo mundo que se aproxima (não falo do amor que nós, cristãos, devemos ter ao próximo - isso é assunto para outro post), que se ilude com a falsa popularidade que os sites de relacionamento oferecem.

Termino aqui, porque ainda não consigo estender demais os meus pensamentos por escrito.

"Porque em primeiro lugar, como pode ser suportável (como diz Enio) a vida que não repousa na mútua benevolência de um amigo? Que coisa tão doce como ter um com quem falar de todo tão livremente como consigo mesmo? Seria porventura tão grande o fruto das prosperidades, se não tivéssemos quem delas se alegrasse, tanto quanto nós mesmos? (...) E não falo agora de uma amizade vulgar ou mediana (embora também esta deleite e aproveite), mas da verdadeira e perfeita, como foi a daqueles poucos que são tão afamados. Esta faz mais abundantes as prosperidades e as adversidades, rompendo-as e unindo-as, tornando-as mais suportáveis."

Cícero, Da Amizade