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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Uma noite de paz

Fruto Sagrado
Uma noite de paz

Você já esqueceu do aniversário de quem você ama?
Já esqueceu o nome de alguém que te ama?
Mas chega o fim do ano e é tudo igual,
Eu acho que vocês acham que eu sou débil-mental!
São mais de 300 dias debaixo da opressão
Medo da guerra, da bala perdida, medo do medo da solidão,
Eu vejo os shoppings lotados, ruas lotadas,
Avenidas decoradas por corações vazios...

Feliz Natal! Pra criança deixada na rua...
Noite Feliz! Praquele que não tem o que comer!
Feliz Natal! Pro pai desempregado...
Noite sem paz! Praquele que a morte veio ver!
Uma noite de paz! Uma noite...

Estava desconfortável, escuro e frio...
O cheiro dos animais invadia o curral
Onde a virgem Maria trouxe ao mundo
O Príncipe da Paz, o único capaz
De transformar o caos em harmonia,
A tempestade em calmaria,
Corações sujos como aquela estrebaria
Em um lindo shopping center decorado pro Natal...
Feliz Natal! O natal que muita gente esqueceu!
Noite Feliz! Pra quem ainda não veio pra festa!
Feliz Natal! O mundo é quem ganhou o presente!
Noite sem paz! Pra quem esqueceu daquele que nunca te esqueceu!

Feliz Natal! Deixe-o nascer em seu coração!
Noite Feliz! O passado fica pra trás!
Feliz Natal! Você é o presente de Deus!
Noite de paz! A morte morreu de medo ao ver Jesus nascer!
Uma noite de paz! Muito mais que uma noite de paz!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Gente, como a gente


"1. Quando Ele desceu do monte, grandes multidões o seguiram.

2. E eis que um leproso, tendo-se aproximado, adorou-o de joelhos e clamou: “Senhor, se é da tua vontade podes purificar-me!”
3. Então, Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: “Eu quero. Sê limpo!” E no mesmo instante ele ficou purificado da lepra.
4. Em seguida, disse-lhe Jesus: “Veja que não digas isto a ninguém, mas segue, mostra teu corpo ao sacerdote, e faze a oferta que Moisés ordenou, para que sirva de testemunho.”"

Mateus 8 (versão King James)

***


Todos os dias, ao sair do trabalho, pego um ônibus que anda por toda a 23 de maio, até me deixar no metrô Anhangabaú.
Nesse meu trajeto diário, tenho observado, nos últimos dias, uma cena curiosa e incomodante.
Debaixo de um viaduto, vejo um grupo de mendigos tomando banho. Vejo baldes cheios de água e sabão. Eles tomam banho ali, na calçada da 23 de maio entre a Fecap e o Anhangabaú, aos olhos de todo mundo. Não estavam nus, mas tomavam banho como tomam os famosos instantâneos no Big Brother, tomando o cuidado de não deixar aparecer suas partes íntimas.
Vi também uma moço passando até creme hidratante. Havia numa sacola outros produtos de higiene pessoal, como desodorante e sabonete.

Isso me trouxe à realidade de que moradores de rua tem exatamente as mesmas necessidades que nós, que temos um lugar confortável aonde repousar.
É claro que eu sabia disso, como todos sabem, mas é como se uma venda tivesse sido tirada nos meus olhos, e agora eu pudesse enxergar as coisas como elas realmente são.

Há um tempo, vi na televisão um comercial em que uma criança apontava insistentemente para seu pai um mendigo que estava sentado na calçada, mas o adulto não conseguia enxergá-lo de modo algum.
E é assim mesmo que as coisas funcionam.
Somos como esse pai, que já não consegue mais ver a miséria que está à sua frente. Desviamos de um morador de rua como quem desvia de um poste; contornamo-os, cheios de sacolas na frente de um shopping às vésperas no Natal, como quem contorna um carro que atrapalha o caminho.

Fazemos isso, porque não fomos feitos para lidar com esse tipo de situação.
Fomos feitos para desfrutar do melhor que nos foi colocado à disposição, há milhares de anos.
Mas aí, a humanidade se desviou por onde não devia, e aqui estamos.
Não fomos feitos para isso, então isso nos desconforta, fazendo com que fujamos ao máximo dessas pessoas.

A realidade é que eles são humanos, como nós. Feitos de carne e osso. Tem os mesmos órgãos que nós e, consequentemente, as mesmas necessidades.
Eles são iguais a nós, como eram os leprosos nos tempos bíblicos.
E os tratamos como tratavam aos leprosos na época, como se fossem serem perigosos à nós ou invisíveis.

Mas Jesus, em mais um de seus atos de amor, curou aquele leproso.
E nós, que hoje somos mãos e pés dEle aqui na terra, o que temos feito? Que atos de amor temos demonstrado aos que se encontram em situações adversas?

Que nós possamos ser mais parecidos com Ele, e que façamos o que nos pediu e tanto demonstrou: amor ao próximo, amor ao nosso semelhante.
Que não sejamos tomados por um sentimento piegas natalino, mas que possamos, durante todo o ano, ver, sentir e amar como crianças, inocentes e puras. Pois delas, é o Reino dos Céus.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Mais uma vez, Verdão...


Já vou logo avisando: tudo o for dito nesse post, parte de uma mera torcedora, com um entendimento meia-boca do futebol e suas artimanhas mas, acima de qualquer coisa, tem uma paixão involuntária pelo seu time.

Faço a pergunta que, hoje, todos estão fazendo: o que aconteceu com o Palmeiras neste ano?
De favoritos ao título para fora da zona da Libertadores.
De 5 pontos de vantagem a 5º colocado na tabela.
De 30 pontos possíveis em 10 jogos, arrancamos apenas 9 pontos.
Derrotas já no fim do torneio pro Fluminense, Santo André e Náutico, e empate com o Sport, todos na zona do rebaixamento.
E, na última rodada, mais um monstro da ponta de baixo da tabela acabou com a gente: Botafogo, companheiro de queda do Palmeiras.

Não dá pra colocar a culpa em alguém.
Culpa do Muricy (ou Burricy), que tirou o Deyvid Sacconi que estava muito bem no jogo, pra colocar o Sandro Silva pra fechar atrás. Feito isso, levamos dois gols. Colocou depois o Robert, que só sabe fazer gol de cabeça, ao invés de colocar o Ortigoza, que, apesar de não ter técnica nenhuma, tem mais raça que muita gente ali dentro, raça o suficente pra colocar uma bola na rede em um momento de desespero.
Culpa do Vagner Love, que veio só pra tentar uma vaga na Seleção e, quando viu que não dava mais, parou de jogar.
Culpa das derrotas para os times quase rebaixados.
Culpa do Obina e do Maurício que deram a vitória ao Grêmio.
Culpa do Marcos que fez um penalti no Corinthians, foi expulso e nos deixou nas mãos do Bruno no jogo com o Fluminense.
Culpa da arbitragem que, no primeiro turno, roubou dois gols pro Goiás, e depois teve algo parecido com o Atlético-PR.
Culpa do Diego Souza, que esqueceu como se joga bola desde que voltou da Bolívia com a Seleção.
Culpa da infelicidade, que machucou os guerreiros Pierre e Cleiton Xavier, uns dos nossos maiores reforços.
Culpa do Keirrison (!) que decidiu ser menino, fazer pirraça e também esquecer o caminho pro Gol.
Culpa do Luxemburgo, do Belluzo, do Cipullo.
Culpa da Globo, culpa do Arnaldo César Coelho.

É, não dá pra eleger um culpado.
Ou dá: Sociedade Esportiva Palmeiras.
Bambeou (com a licença do adjetivo, são-paulinos) quando era o favorito disparado, que não soube aguentar a pressão, e nem teve maturidade o suficiente pra segurar essa barra.

Os únicos que se salvam das milhares de culpa somos nós, torcida palestrina; torcida que não abandonou seu time no pior dos momentos.
Duro é dizer que, apesar de toda a melancolia desse fim de ano, de toda revolta e amargura, a torcida continua ali.
Ano que vem, ela vai voltar ao Palestra, e vai voltar a apoiar a Equipe, independente de quem a esteja compondo.
Nós, um bando de bestas apaixonados, que choraram a pior derrota dos últimos tempos, nós, que não ganhamos um centavo pra fazer isso.

Um conhecido no twitter disse: "Torço não porque meu time é campeão, torço só porque nasci com um coração verde."

E assim continuamos, vida que segue.
Mais um ano sem faturar nada, mais um ano aguentando sarro dos outros.
E janeiro, começa mais um ano em que nós, esperançosos, vamos sonhar que a coisa vai mudar.


Estamos com você, São Marcos.