Julho acaba de passar e, com ele, mais um mês de férias. Pra ir direto ao assunto, acaba de passar mais um mês em que acontecem uma profusão de projetos missionários com jovens que usam as férias para ir para o 'campo missionário'.
E, caso alguém leia esse texto e pense que trata-se de uma indireta, pode ir tirando a carapuça: todas - ou pelo menos quase todas - as igrejas propõem esse tipo de projeto. A minha igreja faz isso, a sua também faz, aquela outra igreja famosa também, e a menorzinha até que tenta, embora nem sempre obtenha sucesso.
O caso é que, na minha opinião, essa prática causa um péssimo hábito, que já está infiltrado nos irmãos mais velhos e que, cada vez mais, toma conta dos jovens.
Não me compreenda mal: de forma alguma estou dizendo que 'projetos missionários nas férias' são irrelevantes ou desnecessários. Obviamente que todo trabalho é válido, principalmente se considerarmos as pessoas que são alcançadas com esses projetos.
O problema é que, com a prática, acaba-se criando um conceito de Missões que só podem acontecer quando o estudante está de férias, e nunca durante a sua rotina usual (e peço perdão pela redundância).
O estudante, que de fevereiro à junho é apenas estudante, jovem, amigo, filho e companheiro, deixa de ser tudo isso para ser missionário. Abandonam-se os jalecos, as pastas de desenho, os computadores e os cálculos e vestem-se as capas e crachás de missionários. Ao fim de julho, os então missionários despem-se dessas capas e volta-se à vida corriqueira: faculdade-casa-igreja-casa-faculdade. Volta-se a ser estudante, jovem, amigo, filho.
O que eu não entendo e não aceito é essa separação. Ora, não se pode ser missionário e ser estudante-jovem-amigo-filho ao mesmo tempo?
É o velho conceito de que Missões só se fazem fora da sua área de convivência habitual. Se é paulista, missões devem ser feitas apenas no sertão nordestino, favelas cariocas ou países africanos. Não sei como esse conceito funciona para pessoas que vivem nessas regiões; se eles fazem missões por lá mesmo ou se descem para as bandas de cá.
O que sei é que São Paulo está GRITANDO por socorro. Está gritando por ajuda missionária de todas as formas. São as tais missões urbanas, que eu tanto carrego a bandeira. Missões transculturais são e sempre serão importantes, necessárias e essenciais, mas é preciso que os estudantes-missionários-de-férias também olhem para a própria cidade.
Acordem! Não é só o sertão nordestino que precisa de ajuda. Basta uma visita à Cidade Tiradentes para entender do que eu estou falando.
Está na hora de entendermos que Missões se fazem a todo momento! Não é preciso esperar a chegada das férias, ou um feriado prolongado. Instituições que trabalham com Missões Urbanas estão trabalhando de segunda à segunda em prol da nossa cidade. Missões se fazem semanalmente. Missões precisam de uma continuidade. Missões precisam de solidez. Missões precisam de força, união e persistência.
Enfim.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
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