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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Estive olhando fotos antigas, blogs e fotologs, e-mails, cartas. Coisas que já passaram há muito tempo e das quais eu mal me lembrava, mas, ao ler e ver cada pequeno detalhe de histórias, amizades e amores passados, me dou conta de quanta coisa eu já vivi.

Não que o conteúdo seja tão grande assim: são apenas 20 de história, sendo que, desses, separo aproximadamente os últimos 8 para reconstituir a minha vida. Não é por conteúdo, mas por intensidade de sentimentos. Olhando meu antigo Flogão e meu antigo Fotolog (sim, eu já tive um de cada), relembro fatos há muito esquecidos, e parece que eu consigo revivê-los, ao vivo.

Um turbilhão de sentimentos me invade: alegrias vividas e mágoas a ser apagadas voltam com tudo. Fecho os olhos na tentativa de capturar melhor as cenas que passam diante de mim. Tento, em vão, tocar as pessoas que nelas estão. Não desisto, e tento ver melhor os pequenos detalhes, como os sorrisos, os olhos, as roupas, o jeito de andar, o som do riso.

Sinto-me boba vendo tudo o que eu já escrevi. Pareço uma mãe diante do diário secreta de sua filha adolescente. Curioso perceber como eu já escrevi e senti tanta bobagem. Curioso ver como, há 5, 6 ou 7 anos, tudo era tão simples e fácil. Vendo daqui, hoje, os meus casos e acasos dos 15 anos parecem as coisas mais superficiais que já existiram. Mas, naquela época, eu não tinha noção de que os 20 anos chegariam. Faculdade, trabalho, amor sério. Tudo era festa, confete e serpentina.

Não se trata de mais uma crise existencial, não. Isso eu sempre deixo para a semana do três de maio. Se trata de recuperar lembranças. Se trata de lembrar de gente que não vejo há anos, literalmente. Se trata de lembrar do meu (curto, é verdade) passado, e não conseguir evitar um sorriso no rosto, e a vontade de chorar. Se trata, então, de perceber o quanto a minha vida é boa. Com seus altos e baixos, minha é boa, e foi assim desde sempre.

Hoje sou feliz por ter esses diários guardados. Não tive diários escritos depois que saí dos 12 anos, mas esses tais blogs, flogs e o que mais quer que seja me ajudaram a lembrar um pouquinho do que eu fui. Preciso dar um jeito de guardá-los de maneira definitiva, porque, se um dia ou outro os servidores apagarem esses sites que mal funcionam hoje, aí eu vou sentir que, mais dia, menos dia, essas lembranças se apagarão pra sempre da minha mente.

Mudei, mas não muito. Continuo intensa em sentimentos, porém desconfiada. Já não me dou à amizade facilmente, e hoje tenho pouquíssimos amigos. Já não falo 'eu te amo' a quem acabei de conhecer, e já não me decepciono também, já que não espero mais muita coisa das pessoas. Às vezes, sinto falta das muitas amizades efusivas e espalhafatosas, que invadiam o meu espaço com meu consentimento. Hoje, tenho uns poucos, por quem mantenho profundo amor e respeito.

À parte isso, meus sentimentos estão amadurecendo. Hoje, tenho um amor pra chamar de meu: aquele amor que faz você querer noivar, casar, ter filhos, envelhecer e morrer junto. Porque já não é possível enxergar a minha vida sem o Isaac.

Guardo esse post, então, como mais um capítulo do meu diário. Provavelmente, vou olhá-lo daqui a 5 anos e pensar: 'meu Deus, como eu era boba e escrevia asneiras'!

Pois, se é assim, quero que a minha vida seja toda cheia de bobagens, regada à asneiras e, acima de tudo, com muita, mas muito intensidade.

Um comentário:

Fannie disse...

Tão gostoso te ler, te conhecer. :D