Corridos, corridos dias.
Nunca pensei que fazer uma faculdade e trabalhar ao mesmo tempo seria tão esgotante, cansativo, pesado.
Fiz o ensino médio junto com o técnico. Estudava de tarde e de noite, saía de casa 12h e chegava 12h. Quando o técnico acabou, arrumei meu primeiro estágio, e então comecei a trabalhar de manhã e estudar à tarde. Continuei passando 12hrs fora de casa.
Era cansativo e corrido, mas nada como é hoje.
No ensino médio, os trabalhos são suaves e podem ser feitos à base de Google, e as provas também eram suaves. Quer dizer, eu era uma negação em exatas, mas tinha bons amigos feras que me passavam as resposta nos dias das provas. Eu também poderia faltar na escola quase quando quisesse, só tomando cuidado para não reprovar por falta. No mais, era só fazer uma média com o professor, ganhar a simpatia e... aprovação por conselho! Foi assim nos meus três anos de ensino médio.
Agora, tudo mudou.
Estou na penúltima semana de aulas, e essa semana tem uma bateria de provas. Estou no meu limite de cansaço, stress e humor.
Meu corpo tá cansado, minha cabeça tá cansada, tá tudo funcionando menos do que deveria. Estou há quase quatro meses sem saber o que é estar em casa e pensar: "e agora, o que é que eu faço?"
Todos os dias, saio de casa às 6h40 e chego 0h. Durmo, por noite, no máximo 6h, e preciso tomar banho correndo durante a semana.
E na faculdade, você não pode simplesmente aparecer, responder chamada e ir embora. Pelo menos, não no meu curso. Uma ou duas aulas que perco, e lá se vai embora um conteúdo valioso pra minha tranquilidade no fim do semestre.
E, logo no início do semestre, a surpresa: a carga de trabalhos para um primeiro período seria incrivelmente grande.
Uma pesquisa super extensa, que poderia quase virar uma monografia; um roteiro para um curta-metragem; 20 capas de revistas que ressignificassem obras de arte; 4 quadros-vivos; duas provas; e uma revista, de criação de projeto gráfico à construção das matérias. E eu ainda fui agraciada com um grupo que não é lá muito aplicado.
E essa semana, vem a bateria de provas finais. Na sexta-feira, entrega da revista. Na outra semana, apresentação para a banca examinadora.
Somado à isso, está o meu emprego, e a minha busca incessante por outro.
Aliás, nesse começo de mês tive a minha primeira decepção profissional, depois de três anos trabalhando: não consegui uma vaga de emprego.
Eu nunca tinha passado por isso. Há três anos, fiz minha primeira entrevista de emprego, para um estágio, na editora onde hoje trabalho. Uma empresa de pequeno porte, e eu fui aceita imediatamente. Um ano e meio depois, me deu um chilique, saí de lá e consegui vaga em um bureau que prestava serviços para a Editora Moderna. Cinco meses depois, meu antigo patrão me fez uma proposta melhor pra voltar; eu, que percebi que gostava bem mais de lá, resolvi voltar. Uns três meses depois, meu ex-ex-patrão também me fez uma proposta pra voltar. Dessa vez, não aceitei.
E aí, depois dessa disputa por mim, eu não estava preparada para ser rejeitada em uma empresa. A vaga era ótima, o salário melhor ainda. É uma longa história, mas eu ainda tenho as minhas dúvidas se não consegui a vaga por incapacidade técnica (o que duvido), por falta de formação (o que duvido menos ainda), ou pela falta de experiência (o que é praticamente impensável), ou se, por último, por não atender às exigências de conduta que a empresa exigia (o que acho ser bem mais provável).
Enfim, a minha busca por um emprego continua melhor. Não que eu não goste do meu emprego atual. Eu amo! Adoro meu trabalho, meus patrões, a liberdade que tenho lá. O problema é que tá me faltando dinheiro, ô se tá.
Só de faculdade, pago R$800. Aí, você joga mais quase uns R$200 de transporte, mais a alimentação básica entre o trabalho e a faculdade. Somou? Pois é, você só vai ter noção do que é esse dinheiro se você não for sustendado-pelo-papai-que-paga-a-sua-faculdade-e-vai-te-dar-um-carro-no-fim-do-ano.
Enfim, tô cansada de tudo isso.
Tô cansa de "uns com tanto, outros com tão pouco".
É um desabafo, sem a menor pretensão de ser lido por alguém.
E, apesar de toda essa estupefação, posso encher o peito e agradecer à Deus pela vida que me deu. Por ter me dado uma família imperfeita mas que atende às minhas necessidades afetivas; por um emprego que, apesar da dificuldade, paga a minha faculdade; por ter me dado uma profissão a seguir tão linda, e pela qual sou totalmente apaixonada; por ter me dado capacidade intelectual para aguentar o tranco que está sendo; e pelo homem que Ele colocou na minha vida para me segurar quando estou caindo e os amigos que estão por perto sempre me alegrando.
E quem foi que disse que um texto precisa ter começo, meio e fim?
segunda-feira, 14 de junho de 2010
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2 comentários:
Por mais que não tivesse pretensão de ser lido, acabei parando pra ler..
Gosto do jeito com q vc escreve, Carol :)
Obrigaada, Mih! 8)
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