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domingo, 27 de junho de 2010

O fim de um ciclo


A equipe do One Day SP chegou ao fim de um ciclo de sua nova fase.

Foram 5 meses de trabalho com crianças em uma igreja na cidade de Suzano.

O objetivo inicial era trabalhar com crianças carentes da região, mas, com o passar da semana, o grupo de crianças reduziu-se praticamente às que já participavam da escola bíblica dominical da igreja. Se por alguma falha nossa com divulgação, ou se por plano de Deus, isso não foi nenhum problema.

Conseguimos ver, com o passar das semanas, a clara evolução das crianças no que diz respeito à convivência, amizade, disciplina, respeito, espírito de equipe, ideias acerca de Deus; fatores tão importantes na formação de indivíduos.

A grande verdade é que nenhum de nós imaginava que nos apegaríamos tanto à essas crianças; que as oficinas, que aparentemente tão simplórias, criariam um elo tão grande entre nós. E é aí que mora o grande aprendizado desse semestre: o que vai permanecer é o que você ensinou com a sua vida, com a sua convivência; o que você ensinou em termos teóricos, isso é secundário.

E a certeza desse apego só veio ontem, na última oficina que tivemos. Infelizmente, só estavam nesse momento o Will, Isaac, Carol Sertório, Bráulio e eu, porque os outros tiveram alguns compromissos inadiáveis. Tenho certeza de que o que nós cinco presenciamos ali não se apagará tão cedo: crianças, com as quais convivemos por tão pouco tempo, pedindo a Deus em oração que nós não nos esquecêssemos dele e fôssemos visitá-los no próximo semestre. Um já quase adolescente, que se dirigiu à Carol e perguntou: "
tia, vocês são mesmo OBRIGADOS a sair daqui?". Quando perguntados o que eles achavam que poderia ter sido melhor nesse período, o mais peralta respondeu: "Eu queria que o Pezão tivesse vindo mais vezes", outro disse que "eu queria que vocês não fossem embora daqui".

Ah, coração enganoso! Porque não nos avisou que teríamos essa surpresa?

A partir de agosto, nos uniremos em parceria com a ONG Nossa Pátria, que fica em Poá, ao lado de Suzano. Lá, teremos um trabalho parecido com o de Suzano, mas em uma escala muito maior: trabalharemos em uma escola cedida pela prefeitura da cidade.

Será, sem sombra de dúvidas, um trabalho ainda mais desafiador, e agora eu tenho a certeza de que, ao final, ainda mais gratificante.

Estamos todos aprendendo. Aprendendo a lidar com os pequenos, aprendendo a transmitir a nossa forma de viver baseados nos princípios que Jesus nos ensinou de uma forma que não seja violenta. Mas acredito que estamos aprendendo, acima de tudo, a lidar com os nossos sentimentos. Estamos aprendendo a
ouvir o sentimento dos outros. Estamos ficando cada vez mais sensíveis à necessidade de cada um. E é isso o que mais me alegra, e é isso que nos motiva cada vez mais a sempre melhorar.

As crianças de Suzano não ficarão desocupadas: uma nova equipe tomará a direção do trabalho no próximo semestre. E esperamos, de coração apertado, que tudo ocorra bem por lá. Vamos tentar, ao máximo, acompanhar à distância o desenvolvimento deles.

No próximo sábado, será o encerramento oficial do trabalho em Suzano. Vai ser uma tarde inteira de recreação, com brinquedos como pula-pula, piscina de bolinha etc. Vamos tentar fazer algumas brincadeiras, além de teatro e uma música que as crianças vão cantar com a gente, da Banda Crombie. Tenho certeza de que será mais um dia marcante pra nossa equipe: será o último dia. O dia de curtir tudo o que não curtimos das crianças todo esse tempo. E o dia da despedida, que já me aperta o coração mais uma vez. E uma única certeza, a de que teremos esses mesmos sentimentos por muitas e muitas vezes no futuro que se traça diante de nós.


Ao coração apertado, alívio na eternidade.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Copa do mundo

E as vuvuzelas anunciam, às 6hrs, que hoje é dia de jogo da seleção brasileira.
Elas acordam o sol, que nasce amarelo da cor da nossa camisa.
E me lembram que o dia deve começar como qualquer outro: com muito sono, preguiça e metrô lotado.
Mais lotado do que de costume, diga-se de passagem. E sim, por incrível que pareça, isso é possível.
Imagino o tanto de pessoas que trocaram de horário, ou que entraram mais cedo no trabalho para poder assistir ao jogo de hoje.
Pra frente, Brasil!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O que tenho feito dos meus dias?

Corridos, corridos dias.

Nunca pensei que fazer uma faculdade e trabalhar ao mesmo tempo seria tão esgotante, cansativo, pesado.

Fiz o ensino médio junto com o técnico. Estudava de tarde e de noite, saía de casa 12h e chegava 12h. Quando o técnico acabou, arrumei meu primeiro estágio, e então comecei a trabalhar de manhã e estudar à tarde. Continuei passando 12hrs fora de casa.

Era cansativo e corrido, mas nada como é hoje.

No ensino médio, os trabalhos são suaves e podem ser feitos à base de Google, e as provas também eram suaves. Quer dizer, eu era uma negação em exatas, mas tinha bons amigos feras que me passavam as resposta nos dias das provas. Eu também poderia faltar na escola quase quando quisesse, só tomando cuidado para não reprovar por falta. No mais, era só fazer uma média com o professor, ganhar a simpatia e... aprovação por conselho! Foi assim nos meus três anos de ensino médio.

Agora, tudo mudou.

Estou na penúltima semana de aulas, e essa semana tem uma bateria de provas. Estou no meu limite de cansaço, stress e humor.

Meu corpo tá cansado, minha cabeça tá cansada, tá tudo funcionando menos do que deveria. Estou há quase quatro meses sem saber o que é estar em casa e pensar: "e agora, o que é que eu faço?"

Todos os dias, saio de casa às 6h40 e chego 0h. Durmo, por noite, no máximo 6h, e preciso tomar banho correndo durante a semana.

E na faculdade, você não pode simplesmente aparecer, responder chamada e ir embora. Pelo menos, não no meu curso. Uma ou duas aulas que perco, e lá se vai embora um conteúdo valioso pra minha tranquilidade no fim do semestre.

E, logo no início do semestre, a surpresa: a carga de trabalhos para um primeiro período seria incrivelmente grande.

Uma pesquisa super extensa, que poderia quase virar uma monografia; um roteiro para um curta-metragem; 20 capas de revistas que ressignificassem obras de arte; 4 quadros-vivos; duas provas; e uma revista, de criação de projeto gráfico à construção das matérias. E eu ainda fui agraciada com um grupo que não é lá muito aplicado.

E essa semana, vem a bateria de provas finais. Na sexta-feira, entrega da revista. Na outra semana, apresentação para a banca examinadora.

Somado à isso, está o meu emprego, e a minha busca incessante por outro.

Aliás, nesse começo de mês tive a minha primeira decepção profissional, depois de três anos trabalhando: não consegui uma vaga de emprego.

Eu nunca tinha passado por isso. Há três anos, fiz minha primeira entrevista de emprego, para um estágio, na editora onde hoje trabalho. Uma empresa de pequeno porte, e eu fui aceita imediatamente. Um ano e meio depois, me deu um chilique, saí de lá e consegui vaga em um bureau que prestava serviços para a Editora Moderna. Cinco meses depois, meu antigo patrão me fez uma proposta melhor pra voltar; eu, que percebi que gostava bem mais de lá, resolvi voltar. Uns três meses depois, meu ex-ex-patrão também me fez uma proposta pra voltar. Dessa vez, não aceitei.

E aí, depois dessa disputa por mim, eu não estava preparada para ser rejeitada em uma empresa. A vaga era ótima, o salário melhor ainda. É uma longa história, mas eu ainda tenho as minhas dúvidas se não consegui a vaga por incapacidade técnica (o que duvido), por falta de formação (o que duvido menos ainda), ou pela falta de experiência (o que é praticamente impensável), ou se, por último, por não atender às exigências de conduta que a empresa exigia (o que acho ser bem mais provável).

Enfim, a minha busca por um emprego continua melhor. Não que eu não goste do meu emprego atual. Eu amo! Adoro meu trabalho, meus patrões, a liberdade que tenho lá. O problema é que tá me faltando dinheiro, ô se tá.

Só de faculdade, pago R$800. Aí, você joga mais quase uns R$200 de transporte, mais a alimentação básica entre o trabalho e a faculdade. Somou? Pois é, você só vai ter noção do que é esse dinheiro se você não for sustendado-pelo-papai-que-paga-a-sua-faculdade-e-vai-te-dar-um-carro-no-fim-do-ano.

Enfim, tô cansada de tudo isso.

Tô cansa de "uns com tanto, outros com tão pouco".

É um desabafo, sem a menor pretensão de ser lido por alguém.

E, apesar de toda essa estupefação, posso encher o peito e agradecer à Deus pela vida que me deu. Por ter me dado uma família imperfeita mas que atende às minhas necessidades afetivas; por um emprego que, apesar da dificuldade, paga a minha faculdade; por ter me dado uma profissão a seguir tão linda, e pela qual sou totalmente apaixonada; por ter me dado capacidade intelectual para aguentar o tranco que está sendo; e pelo homem que Ele colocou na minha vida para me segurar quando estou caindo e os amigos que estão por perto sempre me alegrando.

E quem foi que disse que um texto precisa ter começo, meio e fim?