Um assunto sempre me incomodou, e tem incomodado cada vez mais, há algumas semanas.
Falo da necessidade da popularidade, da fama, do número de amigos.
Talvez isso sempre tenha existido (meus 19 anos não me permitem ter um grande conhecimento sobre isso), mas só de uns anos pra cá pude reparar nisso com maior facilidade.
É muito claro observar o quanto algumas pessoas precisam sempre de novos amigos, e, de preferência, novos amigos influentes, bonitos e, não cai mal, bem de vida.
Isso eu já sabia, já observava isso desde os meus tempos de adolescentes, no grupo da igreja.
Os que conseguiam fazer amizade com os regentes do coral jovem, ou com os músicos da igreja, se orgulhavam por ter gente tão importante chamando pelo nome.
Ainda no caso dos adolescentes, eram melhores aqueles que melhor se vestissem, e andasse com os mais populares da igreja. De preferência, que fossem mais velhos, também.
Andar com gente da mesma idade? Que mico!
Crescemos e a coisa não mudou. Chegamos à era do instantâneo da internet (lembram do ICQ?) e continua tudo igual.
Com a explosão do Novo Orkut e do Twitter, parece que as pessoas ficaram ainda mais inchadas com isso.
Semana passada, fiquei inconformada com um garoto - que eu não faço ideia de quem seja - disse que tinha convites pro novo orkut, mas que só os enviaria aos que dessem Follow e RT nele.
E o garoto ficou feliz da vida por ter conseguido ganhar, de uma tacada só, uns 400 seguidores.
Não raro, a gente pode ver isso acontecendo muitas e muitas outras vezes.
O meu inconformismo com situações como essa é: as relações estão ficando cada vez mais vazias, menos profundas e muito mais passageiras.
Perdeu-se o valor verdadeiro pela amizade plena, que satisfaz uma carência que 1000 seguidores ou 1000 amigos no orkut nunca vão conseguir saciar.
Hoje, ganha quem tem mais seguidores, quem ganha mais #FF no fim da semana, quem consegue ser dono da maior comunidade do orkut, e quem consegue estourar o limites de "amigos" que os sites de relacionamento permite.
O que C. S. Lewis definiu como simples afeição, tornou-se essencial ao coração. Não gosto desse termo, mas sinto uma espécie de "dó" dessa gente. Gente que não sabe o que é ter alguns bons e únicos ombros amigos, que ama todo mundo que se aproxima (não falo do amor que nós, cristãos, devemos ter ao próximo - isso é assunto para outro post), que se ilude com a falsa popularidade que os sites de relacionamento oferecem.
Termino aqui, porque ainda não consigo estender demais os meus pensamentos por escrito.
"Porque em primeiro lugar, como pode ser suportável (como diz Enio) a vida que não repousa na mútua benevolência de um amigo? Que coisa tão doce como ter um com quem falar de todo tão livremente como consigo mesmo? Seria porventura tão grande o fruto das prosperidades, se não tivéssemos quem delas se alegrasse, tanto quanto nós mesmos? (...) E não falo agora de uma amizade vulgar ou mediana (embora também esta deleite e aproveite), mas da verdadeira e perfeita, como foi a daqueles poucos que são tão afamados. Esta faz mais abundantes as prosperidades e as adversidades, rompendo-as e unindo-as, tornando-as mais suportáveis."
Cícero, Da Amizade
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